12.17.2009

and my world collides, once again

Tentei lê-la, embora impossível. Aquela rabisqueira não fazia sentido na cabeça de uma criança. No entanto, esforcei-me por compreender.
Falhei.
Rasguei-a num impulso quase radical. Não sabia que me iria arrepender, e muito, anos mais tarde.
Lembro-me apenas de um insignificante pormenor inscrito naquela carta. Um aviso de desafogo acerca de um mero objecto. Um detalhe exíguo, e no entanto, a única recordação entranhada na minha mente durante uma década.

"Sabes aquilo? Aquilo, tão banal para tantos, mas para nós, tão incrivelmente árduo de alcançar? Aquilo por que tanto lutámos e chegamos a acreditar que seria uma realidade?"
"Sim, mãe..."
"Podes esquecer. (...)"

Rosnei. Deixei a minha alma gritar em agonia. Depressa me sucumbiu à memória aquele pormenor, aquele tão insignificante, ténue, mísero, exíguo pormenor. E até ele, que de uma tamanha vanidade se tratava, era uma mentira. A única recordação que guardara por tantos anos era uma mentira.
O buraco voltara a abrir-se, e o meu peito latejava como nunca.
Chorei, que mais nada podia a minha alma fazer. E jurei, mas jurei, que um dia, por mais remoto que esse defronto esteja, eu irei reencontrar-te, e nem que morra ao fazê-lo, farei-te pagar por tudo.

4 comentários:

Alexandre. disse...

:'O ?!

Alexandre. disse...

Não te sei explicar o porquê caldo, mas simplesmenta amo este texto!
É um dos meus favoritos <3

Daniela disse...

Ana Banana :S
It's truly sad
Um dia vais encontrá-lo e dizer-lhe umas quantas, mostrar-lhe a pessoa extraordinária que és :D

C disse...

Dany linda :)